Apesar dos avanços na luta pelos direitos humanos, ainda existe uma série de mitos e estigmas em torno de pessoas trans e travestis.
Essas crenças equivocadas não apenas distorcem a realidade, mas também reforçam preconceitos, discriminação e exclusão social.
Neste artigo, a equipe do Barmens e da Toda Perfeita irão apresentar os principais mitos sobre pessoas trans e travestis, desmistificá-los com informações reais e promover uma visão baseada em respeito, dignidade e empatia.
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O que significa ser trans e travesti?
Antes de desmontarmos os mitos, é fundamental compreender os conceitos:
- Pessoa trans: indivíduo cuja identidade de gênero não corresponde ao sexo atribuído no nascimento. Inclui homens trans, mulheres trans e pessoas não-binárias.
- Travesti: identidade de gênero feminina presente principalmente na América Latina, especialmente no Brasil. Travestis se reconhecem no feminino, mas podem ou não realizar modificações corporais como hormonioterapia e cirurgias.
Tanto trans quanto travestis não devem ser confundidas com orientação sexual. Ser trans ou travesti está ligado à identidade de gênero, não à atração afetiva ou sexual.
Principais mitos sobre pessoas trans e travestis
Mito 1: Pessoas trans estão “confusas” sobre quem são
Nada poderia estar mais distante da verdade. Pessoas trans sabem quem são e têm consciência de sua identidade de gênero. O que existe é uma sociedade que impõe rótulos e expectativas baseados no sexo biológico, desrespeitando vivências diferentes.
Mito 2: Travestis e mulheres trans são a mesma coisa
Embora compartilhem pontos em comum, travesti é uma identidade própria, culturalmente enraizada na América Latina. Muitas travestis se identificam como tal, e não como mulheres trans. É importante respeitar como cada pessoa se define.
Mito 3: Ser trans é uma “fase” ou modismo
A identidade trans não é modismo. Pessoas trans sempre existiram na história da humanidade, em diferentes culturas e épocas. A diferença é que hoje há mais visibilidade, informação e coragem para se assumir publicamente.
Mito 4: Toda pessoa trans quer fazer cirurgia
Nem toda pessoa trans deseja ou precisa de cirurgias para ser reconhecida em sua identidade. A validade de ser trans não depende de modificações corporais. O essencial é o reconhecimento social e legal de sua identidade.
Mito 5: Pessoas trans não são “de verdade”
Esse mito reforça a ideia de que apenas homens e mulheres cisgêneros seriam “legítimos”. A verdade é que homens trans são homens, mulheres trans são mulheres e travestis são travestis. Cada identidade é legítima e merece respeito.
Mito 6: Travestis e pessoas trans estão ligadas apenas à prostituição
Embora muitas travestis e trans tenham sido historicamente empurradas para a prostituição por falta de oportunidades, isso não define quem elas são. Cada vez mais pessoas trans ocupam espaços acadêmicos, culturais, empresariais e políticos.
Mito 7: Pessoas trans não podem ter família ou filhos
Pessoas trans podem construir família, adotar, gerar ou educar filhos. A capacidade de amar, cuidar e educar não depende da identidade de gênero.
Mito 8: Ser trans é uma doença
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já retirou a transexualidade da lista de doenças mentais. Ser trans não é patologia. O que causa sofrimento é a transfobia, a exclusão social e a violência.
Mito 9: Pessoas trans sempre revelam sua identidade
Nem sempre. Muitas vivem no chamado “armário de gênero”, por medo de discriminação. Respeitar o tempo e a decisão de cada pessoa é fundamental.
Mito 10: Pessoas trans e travestis não têm direitos
A Constituição Federal garante direitos iguais a todas as pessoas. Além disso, decisões do STF e órgãos oficiais já reconhecem o direito à retificação de nome e gênero em documentos, o uso do nome social e a criminalização da transfobia.
Impactos dos mitos na vida de pessoas trans e travestis
A manutenção de mitos e preconceitos tem efeitos devastadores:
- Exclusão escolar: grande parte das pessoas trans abandona os estudos por bullying e violência.
- Precariedade no trabalho: muitas são barradas em entrevistas apenas por sua identidade de gênero.
- Saúde mental: depressão, ansiedade e alto índice de suicídio estão diretamente relacionados à transfobia.
- Violência física: o Brasil é um dos países que mais mata pessoas trans e travestis no mundo.
Como combater os mitos sobre pessoas trans e travestis?
- Educação e informação – conhecer a realidade é o primeiro passo.
- Uso correto do nome social – respeitar como a pessoa deseja ser chamada.
- Empregabilidade – abrir portas no mercado de trabalho.
- Representatividade – apoiar produções culturais e políticas que tragam visibilidade trans.
- Apoio familiar e social – fundamental para a saúde mental e o bem-estar.
Verdades que precisamos afirmar sobre pessoas trans e travestis
- São pessoas com histórias, sonhos e direitos como qualquer outra.
- A identidade de gênero deve ser respeitada, independentemente de cirurgias ou hormonioterapia.
- Travestis e pessoas trans contribuem para a sociedade em todas as áreas.
- Respeitar pronome, nome social e identidade é questão de direitos humanos.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Travesti é ofensa?
Não. Travesti é uma identidade legítima e deve ser respeitada.
Pessoa trans precisa de laudo médico para mudar o nome?
Não. Desde 2018, no Brasil, é possível alterar nome e gênero em cartório sem ação judicial.
Qual a diferença entre trans e transexual?
O termo “transexual” era usado no passado, mas hoje é mais comum usar trans, por ser mais amplo e inclusivo.
Posso perguntar sobre cirurgias a uma pessoa trans?
Não é educado. A intimidade médica é pessoal e não define a identidade da pessoa.
Conclusão: Respeito é o Primeiro Passo
Os mitos sobre pessoas trans e travestis nascem da ignorância e alimentam preconceitos que impactam vidas. É nosso dever desmistificar essas ideias e construir uma sociedade mais inclusiva, justa e respeitosa.
Pessoas trans e travestis merecem ser vistas não como estereótipos, mas como seres humanos dignos de respeito, oportunidades e igualdade.